quarta-feira, 27 de março de 2013

MC² = THE WHO



   Um dia, um querido amigo me perguntou :
       __Manoel, mc² é igual a???
       __ THE WHO.
respondi na lata, sem pestanejar  e ele, que é de um conhecimento universal, olhou pra mim rindo e concordando.

 Nisso me vem a lembrança do ano de 1989, quando mamãe comprou um video cassete jvc, que na época era uma das coisas mais modernas que se podia ter em casa.

Me recordo que o aparelho chegou no mês de agosto, na semana que o Raul Seixas faleceu, exatamente num domingo em que a globo anunciou que ía transmitir o show do Pink Floyd diretamente de Veneza. Meu nome era alegria, pois podia agora gravar e guardar programas de tv e, claro, ver muitos filmes e shows. Mas, por conta de sua religião, mamis disse que eu so podia ver filmes evangélicos ou que tratassem da religião dela. Vocês, meus amados leitores, acham que eu obedeci??? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Umas da minhas primeiras desobediências, em relação ao vídeo cassete, foi ir a uma locadora que tinha perto do cpa e pegar as fitas de PINK FLOYD THE WALL e do FESTIVAL DE WOODSTOCK, afinal, era 1989 e comemorava-se os 20 anos do festival. Naquela época não se tinha internet e as informações que se tinha era por amigos mais velhos, tv, rádio ou revistas que ficavamos olhando escondido na banca sedução ( ahahahahahahaha boa lembrança)

Voltando as "fitas", eu cheguei em casa a tarde super eufórico, pois tinha duas maravilhas, duas chaves universais do mundo da boa musica e do rock and roll, até então eu só conhecia The Beatles, algumas coisas do PInk FLoyd, o rock brazuca anos 80 em pleno vapor ( legião, plebe rude, engenheiros, paralamas, ultraje a rigor, mercenárias, capital inicial, entre outros que se perderam na história - detalhe, isso tudo ai tocava no rádio e tido como popular. Bons tempos ). Nessa epóca em casa so moravam eu e mãe, minhas irmãs tava com minha vó em Campina Grande. Saquei logo o Pink Floyd The Wall da bolsa, coloquei no video...

Fiquei hipnotizado, chapado,maravilhado,encantado com o filme, as musicas e principalmente os desenhos de Gerald Scarface que dão vazão as viajens das musicas no decorrer do filme. Gente, eu não devo ter assistido esse filme menos de 100 vezes depois desse dia. Sempre que podia, assistia e pra economizar em locações tive que copiar, alias, ganhei uma cópia de meu tio Izaias ( ele me iniciou no rock aqui na família).

Mas, a grande revelação viria na calada da noite. 

Como o vídeo ficava no meu quarto,  eu dava uma de Jõao-sem-braço e esperava mamis ser embalada em seu sono para poder assistir a outra fita.

Com mamis mimindo, saquei a fita  do FESTIVAL DE WOODSTOCK e mandei play e a magia começou. Caraca quanta liberdade, quanta gente bonita, quanta gente naquele lugar, meus olhos pareciam que íam entrar naquele lugar pela tela. Logo no começo um negro, banguela, com uma voz poderosa e uma pegada diferente no violão, chamado Richie Havens que manda ver e mostra que a musica é universal e sem preconceitos. Depois dele, vem Joan Baez (que na época achei chaaaaattooooo) e então sim, fui tocado pela mais pura essência da energia do rock.  Seu nome: THE WHO.

Caraca, quando começou See me, Fell me, de forma lenta, sendo cantada por um cara loiro e cabeludo , usando uma camisa com fios de couro caindo pelos braços e girando o microfone no ar, eu já fiquei ligado que vinha coisa boa. Eis que a musica vai crescendo, crescendo, com uma bateria pesada e pegada, e crescendo, crescendo até que quando chega no riff : 
          VRAMMM, VRUMMMM, VRAMMMMMMM, 
           VRAMMM, VRUMM, VRAAMMMMM...


Pqp, o que era aquilo? Parece que um raio passou por mim, senti a força da explosão do universo naquele riff, provocadas pelas giradas de braço de Peter Townshend na guitarra e nos pulos dados por ele, além de ver que tinha um cara com jeito de louco tocando bateria como se fosse a ultima coisa que ele ía fazer na vida.  Isso foi só a primeira música.
Depois veio Summertime Blues, uma musica dos anos 50 que a banda tratou de deixar-la na enéssima potência Thewhoniana e que no final, na versão do video, Peter Townshend dá um show, jogando a guitarra pro ar, girando-a, quebrando no chão e pega os que resta dela e joga pra algum ser humano sortudo da platéia...


                                    

Fiquei atônito. 
Pirei.
Ri. 
Enlouqueci.

Simmm meus amigos, simmmm, eu aceitei, nesse exato momento o ROCK AND ROLL, em sua forma mais pura de energia primordial, como a verdade absoluta e salvadora dessa pobre alma  mente  pensante que lhes escreve. 

O Who então se tornou referência de rock com pegada, com força, com energia, principalmente depois que descobri o disco TOMMY -  A ÓPERA ROCK.

Decidi ser um guitarrista ou um rock and roll star. Massss não rolou.

Passados tantos anos, ainda fico arrepiado e energizado ao ver a participação do Who no festival de Woodstock, bem como as de  Carlos Santana, Joe Cocker - visceral com a versão de With little help from my friends e, claro que não podia faltar, Jimi Hendrix incendiando o hino americano com sua guitarra fodástica.


Rock sempre. Amor sempre. Paz sempre.